Cortes de juros mais intensos parece improvável após Ata do Copom

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By Paulo Faria

A aceleração do corte de juros só será possível quando a dinâmica da inflação, em especial a dos serviços, passar por uma transformação, acompanhada de uma reancoragem firme das expectativas

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central considera pouco provável que haja um aumento adicional na velocidade do corte de juros. Isso aconteceria somente se ocorressem surpresas positivas significativas que aumentassem ainda mais a confiança de que a inflação vai continuar desacelerando no futuro. Essa informação está na ata da última reunião do Copom, que ocorreu em 20 de setembro e decidiu por uma nova redução de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, que agora está em 12,75% ao ano.

De acordo com o documento, essa confiança só virá com uma mudança importante nos fundamentos da dinâmica da inflação. Isso incluiria uma ancoragem mais forte das expectativas de inflação, uma recuperação robusta da economia ou uma desaceleração muito mais acentuada do que a esperada na inflação dos serviços.

Os diretores do Banco Central consideram que um corte de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões é apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para reduzir a inflação. Esse ritmo combina o compromisso com a ancoragem das expectativas de inflação e com a desaceleração da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência com o ajuste no nível das taxas de juros em termos reais.

O documento também destaca que não há evidências de que esteja ocorrendo um aperto monetário além do necessário para levar a inflação para a meta. O cenário ainda requer cautela, e o Comitê enfatiza a necessidade de manter a política monetária contracionista até que a desaceleração da inflação e a ancoragem das expectativas estejam firmemente estabelecidas.

No que diz respeito às expectativas de inflação, o Copom considera que elas ainda são motivo de preocupação, apesar de terem se estabilizado em parte. O Comitê avalia que a redução das expectativas virá por meio de uma atuação firme para fortalecer a credibilidade das instituições e dos arcabouços econômicos.

O documento também aborda a incerteza nos mercados, que antes estava relacionada ao desenho do arcabouço fiscal e agora se concentra mais na implementação das medidas fiscais e no alcance das metas fiscais.

O Copom reconhece que existem riscos tanto para a inflação quanto para a economia. Os riscos de alta incluem pressões inflacionárias globais persistentes e uma possível resistência maior do que o esperado na inflação dos serviços devido a uma economia mais aquecida. Os riscos de baixa estão relacionados a uma desaceleração mais forte do que o esperado na economia global e aos efeitos de um aperto monetário global mais forte do que o previsto.

Em relação à política de juros, o Copom enfatiza a necessidade de serenidade e moderação na condução da política monetária em um contexto em que a desaceleração da inflação é gradual e as expectativas de inflação ainda estão se ajustando.

Em suma, o Copom reforça a importância de manter a política monetária contracionista até que a desaceleração da inflação e a ancoragem das expectativas estejam firmemente estabelecidas. A taxa de juros deve continuar a ser reduzida nas próximas reuniões no mesmo ritmo, dependendo da evolução dos fatores econômicos e dos riscos. As projeções de inflação apontam para 4,9% em 2023, 3,9% em 2024 e 3,5% em 2025.


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