Setores da Bolsa de Valores: quais os mais seguros e os mais arriscados

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By Erick Machado

Neste artigo vamos listar os setores da bolsa de valores mais seguros e os mais arriscados, além de mostrar as razões para essa qualificação. Confira!

A bolsa de valores brasileira apresenta diversas empresas como opções para investidores. Algumas dessas empresas atuam em setores estáveis e seguros, o que as torna mais resilientes em momentos de crises econômicas. Por outro lado, outras estão em setores que exigem mais atenção na hora de investir, pois têm características específicas que requerem uma análise detalhada de fatores macroeconômicos. Portanto, essas empresas possuem um risco maior de perdas para o investidor. Neste artigo, iremos contar quais são esses setores da Bolsa de Valores e detalhar as características a eles atribuídas.

Pirâmide de Maslow

Antes de começarmos a falar desses setores devemos explicar um conceito desenvolvido pelo psicólogo americano Abraham Maslow: A Pirâmide de Maslow. Trata-se um modelo de hierarquia das necessidades humanas, ele ranqueia essas necessidades das mais importantes até as mais dispensáveis, são elas: necessidades fisiológicas, de segurança, social, de estima e de autorrealização, esses 5 patamares de prioridades só podem ser avançados quando o anterior estiver muito bem cumprido, dessa forma em momentos de crise o consumo populacional se direciona para os setores que atendem melhor os níveis de importância da pirâmide.

Setores mais seguros da Bolsa

Com este conceito introduzido, comentaremos sobre 5 setores da bolsa de valores que atendem bem a essas necessidades principais e mantêm seu nível de produção e faturamento nos mais diversos momentos.

Alimentação e bebidas

A oferta de alimentos e bebidas não pode diminuir de maneira alguma. Da mesma forma, o consumo se mantém já que comer e beber é uma necessidade humana, mesmo em um completo caos econômico. O setor alimentício costuma inclusive lucrar mais em períodos de crise. É um setor defensivo e perene, uma vez que sempre precisaremos nos alimentar. Algumas empresas desse segmento são Camil, M. Dias Branco e Ambev. Lembre-se de que isso não é uma recomendação de compra.

Saúde

Independentemente do ciclo econômico vigente, a manutenção da nossa saúde é primordial. Não importa a crise, os hospitais continuarão funcionando, assim como os serviços de diagnóstico de doenças, tratamentos especializados e vendas de remédios. Este é um bom setor para se investir, principalmente em países emergentes como o nosso, já que o espaço para crescimento é gigantesco. As principais empresas do segmento listadas na bolsa são Fleury, Hypera Pharma, Hapvida, Intermédica e Qualicorp.

Saneamento

O fornecimento de água e tratamento de esgoto é uma atividade contínua e recorrente, bastante perene. Sistemas de fornecimento de água existem desde o Império Romano. Este é um dos setores mais inelásticos da economia. Além disso, cerca de metade da população em nosso país ainda não tem acesso a água tratada e uma parcela menor ainda possui acesso a tratamento de esgoto. Isso torna o setor muito promissor para o crescimento e bastante seguro na hora de investir. A SABESP e a Sanepar são exemplos de grandes empresas que atuam no setor.

Energia

Assim como o saneamento, este é um setor que se tornou essencial para a humanidade. A geração, transmissão e distribuição de energia são as engrenagens que movimentam todos os setores da economia. Atualmente, quase tudo depende da energia elétrica. Este é um segmento que estimula novas inovações tecnológicas, tanto em ganho de eficiência operacional quanto na geração de energias limpas, como a eólica e solar. Embora possa sofrer um leve impacto nos períodos de crise devido à inadimplência, as empresas do setor conseguem se manter firmes por longos períodos, apresentando uma certa tranquilidade. As empresas de destaque do segmento são Taesa, AES Brasil, Engie e Copel.

Financeiro

Este setor é o que menos sofre durante uma crise econômica. Ele engloba bancos, seguradoras, bolsas de valores e outras empresas que prestam serviços no mercado financeiro. Bancos e seguradoras são capazes de gerar grande fluxo de caixa tanto em um cenário de expansão como em um cenário de retração econômica. Na expansão, eles viabilizam o crescimento de capital generalizado. Na retração, sustentam os fragilizados com empréstimos e melhoram o custo de oportunidade daqueles que estão capitalizados, oferecendo rentabilidades melhores. Os bancos que destacam nesse segmento são Itaú e Banco do Brasil, já os seguradores podemos comentar a Porto Seguros e BB Seguridade.

Aspectos que tornam arriscados alguns setores da bolsa de valores

Uma alocação é considerada quando a chance de fracasso é relativamente alta, em alguns setores existem aspectos específicos que os tornam extremamente perigosos para investidores inexperientes, e devem ser evitados pela maioria. As características que geralmente estão ligadas ao risco de um determinado setor são:

  • Ciclicidade: setores da bolsa de valores perigosos são altamente cíclicos, ao passo que sofrem tanto em períodos de retração econômica que acabam não conseguindo se recuperar e aproveitar o período de expansão que vem depois.
  • Margens apertadas: Empresas que tem uma margem de lucros apertada ganham dinheiro com um grande volume de venda, porém em períodos em que a venda não se mantém esse tipo de empresa não consegue gerar caixa suficiente para superar a crise e acaba recorrendo a capital de terceiros para se manterem.
  • Ciclo de caixa: Uma das formas de verificar a estabilidade da empresa é o período de seu ciclo de caixa, algumas empresas recebem seu faturamento a vista e conseguem negociar junto aos seus fornecedores um pagamento a prazos muito estendidos, o que permite uma garante geração de caixa e uma gordurinha extra para momentos difíceis, já as que precisam pagar os fornecedores a vista e faturam de maneira parcelada não conseguem ter essa forte geração de caixa.

Setores mais arriscados

Compreendidos esses fatores que tornam um setor perigoso para investir, chegou a hora de conhecer quais são eles. Vale ressaltar que os setores listados aqui não necessariamente precisam ser excluídos por completo da carteira dos investidores. No entanto, é fato que, em geral, devem ocupar uma parcela menor dentro do seu portfólio. Dito isso, vamos ao que interessa:

Aviação

Como já disse o empresário britânico Richard Branson: “Se você quer se tornar milionário, comece com um bilhão e lance uma nova empresa aérea.” Além das margens apertadas, o setor apresenta uma ciclicidade que depende da taxa de juros. Em momentos de recessão, as pessoas viajam menos, logo a procura por passagens diminui drasticamente. O setor de aviação tem riscos suficientes para formar uma bomba-relógio, que explode em casos de uma gestão minimamente desqualificada. As companhias GOL e AZUL são exemplos do setor, ambas atualmente com patrimônio líquido negativo.

Turismo

Quem nunca teve que cancelar aquela viagem de final de ano quando a grana apertou? Exatamente por isso que o setor se apresenta como um dos mais arriscados da bolsa. Hotéis, resorts e agências de viagens sofrem bastante nos períodos de contração monetária. Além disso, este setor também está sujeito a variações cambiais e outras variáveis macroeconômicas. Neste setor, destaca-se a CVC Brasil.

Construção

Via de regra, as empresas desse setor sofrem devido ao seu ciclo de caixa. Elas precisam pagar à vista seus fornecedores para construção de imóveis, enquanto seus clientes buscam financiamentos com o maior prazo possível. Além disso, em cenários de juros altos, esses financiamentos ficam mais caros, prejudicando a demanda por construção de novos imóveis e afetando ainda mais o faturamento dessas empresas. A MRV Engenharia é um grande exemplo de empresa no setor.

Petróleo e Gás Natural

No Brasil, esse setor é dominado pela Petrobrás. Nesse contexto, os riscos estão ligados a decisões não ortodoxas por parte do governo, como, por exemplo, a redução artificial do preço do barril de petróleo para controlar o preço dos combustíveis. Em um cenário como esse, empresas que estão no setor, disputando espaço com ela, acabam com preços não competitivos no mercado e precisam operar com margens mais apertadas ou no prejuízo para se manterem. No setor, destacam-se Enauta, Petrorio e Raizen.

Dificuldade de Analisar os setores da Bolsa de Valores

Analisar empresas desses setores requer habilidades que a maioria dos investidores não possui. Há dificuldades em buscar informações para compreender os riscos presentes nelas. Um assessor de investimentos pode ajudar na escolha dos seus ativos, fornecendo informações cruciais sobre o cenário atual, a estrutura das empresas e, principalmente, as expectativas para o futuro. Lembre-se de que o setor de uma empresa não necessariamente nos diz tudo sobre ela. Assim como existem empresas ruins em bons setores, também existem empresas boas em setores ruins.

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